A super
valorização é um termo muito conhecido entre os economistas, historiadores,
estudiosos e trabalhadores das áreas afins. Costumeiramente utilizado quando
nos referimos a inflação de um determinado produto ou serviço. Esse é o desejo
dos médicos que hoje estão nas ruas do país.
O Conselho
Federal de Medicina (CFM), e obviamente, boa parte dos médicos brasileiros
estão protestando hoje (03/07/2013) quanto a vinda de médicos estrangeiros para
atuarem no Brasil e manifestando apoio ao Ato Médico. Sobre o primeiro caso, os
profissionais alegam que não faltam profissionais no país, e sim condições de
trabalho para atuação, devido ao sucateamento dos hospitais e da falta de material
básico. Além de por em dúvida a capacidade desses profissionais que estarão
atuando no país – como se não tivéssemos casos de erros médicos gravíssimos que
foram abafados pelo CRM. No segundo caso, o CFM alega que o Ato Médico define
as atribuições do médico.
As
manifestações de hoje – realizadas por alguns profissionais mercenários e as
duas ações – valorizam o profissional e o torna mais inacessível. Não
precisamos frequentar os hospitais públicos para saber a deficiência dos
serviços de saúde prestados no país. No entanto, afirmar que há médicos
suficientes para atender a população é no mínimo um insulto a nossa
inteligência. Não precisamos sair dos grandes centros para percebermos a
dificuldade de atendimento médico – e não me refiro apenas ao serviço público –
o paciente espera mais de 1 mês na rede privada para receber atendimento de
determinados “especialistas”; no serviço público a espera pode chegar
facilmente a 1 ano. Será que realmente não faltam médicos no país? Por que
tanta espera? O que leva a população sair do interior para capital buscando uma
CONSULTA? Não são máquinas ou material hospitalar, é justamente a ausência de
profissionais. Segundo dados recentes da OMS (Organização Mundial de Saúde) o
Brasil apresenta uma quantidade inferior de médicos para grupos de 10 mil
habitantes.
Não bastando a
ausência de profissionais no país, o CFM e os CRM’s (Conselhos Regionais de
Medicina) dificultam a abertura de novos cursos, alegando a estrutura, os profissionais,
e a qualidade dos profissionais ali formados. A busca por uma valorização
profissional coloca em risco a saúde do cidadão, tornando inacessível às
camadas mais baixas serviços básicos. A tentativa de impedir a presença de
estrangeiros faz parte dessa política do “médico rico, médico feliz”. O
compromisso em cuidar de vidas é apenas um juramento sem valor para muitos... A
aprovação do Ato Médico da forma como está cria um super profissional
responsável por diversas áreas da saúde, tornando outros profissionais dependentes
de uma indicação ou permissão médica para atuarem, é o caso de psicólogos,
enfermeiros, e tantos outros (onze profissionais ao todo).
A soma do Ato
Médico, com a não entrada de profissionais estrangeiros, é um bolso cheio e um
profissional supervalorizado, e pior que isso, a desvalorização de outros
profissionais e uma piora no acesso aos médicos, principalmente para as camadas
mais baixas. O país não pode escancarar as portas para qualquer profissional,
estes devem sim, revalidar seus diplomas para começar a atuar. Mas é fato que
não devemos ser reféns de uma corja de profissionais preocupados com o seu
bolso em detrimento da população. Aos estrangeiros: Welcome ou bienvenido!